O Instituto Social Cristão Pina Ferraz (ISCPF) foi fundado em 1952 por Dona Carlota Maria Elvas Soares de Pina Macedo e Ornelas que nasceu nesta vila raiana, em 1885.
D. Carlota veio a contrair matrimónio com D. Francisco de Pina Macedo Ferraz Gusmão e Ornelas em 1921. Este casamento viria a terminar nove anos depois com a morte de D.Francisco Pina, a 12 de Outubro de 1930.
D. Carlota herdou, do seu marido, todo o património que possuía. Já viúva, inicia as necessárias diligências para cumprir a vontade de D. Francisco de Pina e, por inerência, a sua conceder a fortuna de que dispunham aos mais necessitados, contribuindo para a criação de bens de assistência. Com efeito, Dona Carlota empenha-se no cumprimento do desejo do falecido esposo, resiste à venda de qualquer património e concentra-se nas obras de assistência aos mais desfavorecidos, não só através da criação do Instituto Social Cristão Pina Ferraz, mas também através de donativos concedidos à Igreja.
A fundadora concentrou a sua intervenção social na vertente da proteção à infância e juventude, que ainda hoje caracteriza o ISCPF. À data, eram também suas aspirações, a criação de serviços de assistência materno-infantil com subsecções de puericultura, abrigo e refeitório infantil; o ensino profissional, destinado a auxiliar as famílias na preparação dos seu filhos através da aprendizagem de artes e ofícios adequados à economia regional, e também o amparo à invalidez ou velhice.
Do vasto património da família faziam parte duas habitações em Penamacor, uma delas, e a que primeiro serviu de habitação à família, situava-se no centro da Vila; a outra, considerada residência de campo, situava-se no local que hoje acolhe o ISCPF.
Esta quinta, a Quinta da Devesa, era utilizada sobretudo para fazer a transumância do gado, entre os concelhos da Guarda e de Idanha-a-Nova, onde a família detinha propriedades.
Nesta quinta, a família Pina iniciou a construção de um palacete, de que hoje ainda são visíveis as ruínas em frente à fachada do ISCPF, o qual não chegou a ser concluído, em consequência do surgimento de algumas dificuldades financeiras. A família optou por adaptar as casas que já existiam na quinta e aí passaram a residir.
Desde sempre a D. Carlota se manifestou atenta à população que a rodeava, ajudando, de forma material ou acolhendo junto a si, aqueles que percepcionava como mais necessitados.
Em 1952 é, então, criado o Instituto Social Cristão Pina Ferraz, mais concretamente, no dia 02 de Outubro, data escolhida por D. Carlota, por se tratar do dia do aniversário do falecido marido. Este foi, entretanto, instituído como o Dia da Fundação Pina Ferraz, celebrado anualmente com a participação de todos os colaboradores do Lar, crianças e jovens e membros da comunidade com ligação à instituição.
O ISCPF chegou a ter quarenta utentes, mas considerando apenas os internos nunca ultrapassou os trinta. Durante algum tempo, as crianças e jovens de Penamacor eram acolhidos em regime de semi-internato (passavam o dia no Instituto, mas no final do dia regressavam às suas casas). No período que se seguiu à Revolução dos Cravos, o Instituto passa a receber muitas crianças vindas de países de África, de onde tinham regressado com as suas famílias.
No que se refere ao financiamento, esta obra social, inicialmente, funcionou apenas em função de receitas próprias e com os recursos que a benemérita entendia afetar. A partir de 1971, a gestão patrimonial da instituição começou a ser desenvolvida no sentido de salvaguardar o funcionamento do Lar de acolhimento de crianças e jovens, ao qual passaram a ser disponibilizadas as verbas necessárias ao eficaz desenrolar da sua missão.
No ano de 1985 foi realizado acordo de cooperação com o então designado, Centro Regional de Segurança Social, que passou a co-financiar a ação social desenvolvida e a regular o funcionamento da resposta Lar de Infância e Juventude - Lar Francisco Pina, valência social da Fundação.